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79% das exportações marítimas foram escoadas por outros estados

O transporte de mercadorias pelo mar representou 91% das exportações do RN em 2022, com uma movimentação de U$$ 676,6 milhões, de acordo o boletim “Comércio Exterior do RN”, do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado (CIN/Fiern). Desse total, no entanto, US$ 536,9 milhões, ou seja, 79,3% de todas as exportações marítimas do RN foram escoadas por outros portos do País, especialmente, de Pernambuco e do Ceará. Coube ao terminal de Natal a movimentação de apenas US$ 93,8 milhões de todas as exportações pelo mar, quantitativo 9,6% menor do que o de 2017, quando foram escoados, em valores, US$ 103,8 milhões pelo porto da capital.



Estado exportou pela via marítima 676 milhões de dólares, mas apenas 93 milhões deste total passaram pelo Porto de Natal. Equipamento tem limitações / Adriano Abreu


De acordo com fontes ouvidas pela TRIBUNA DO NORTE, limitações como a ausência de defensas na Ponte Newton Navarro e a profundidade do calado do terminal marítimo são fatores que prejudicam as operações. A altura da Ponte também é apontada como motivo de impedimento dos embarques. Sem muitas opções no Estado, os portos de Suape (PE), em Pernambuco, e de Pecém e Mucuripe, no Ceará, têm sido as saídas para que as exportadoras enviem seus produtos ao exterior.


Por intermédio de Suape, segundo o levantamento do CIN/Fiern, saíram o equivalente a US$ 351 milhões das exportações marítimas do RN em 2022. Pelo Ceará, foram exportados R$ 142,8 milhões. Ainda foram utilizados os portos de Santos (US$ 19,8 milhões) e Salvador (US$ 15,9 milhões). Além disso, volumes menores que, juntos movimentaram US$ 7,1 milhões, foram escoados por outros terminais marítimos do Brasil. Somado às movimentações do Porto de Natal, o escoamento da produção de sal, pelo Porto de Areia Branca (US$ 45,9 milhões) fez com que as exportações do RN que utilizam esse modal de transporte atingisse um volume de US$ 139,7 milhões.


A retração das movimentações no Porto de Natal não é necessariamente uma novidade, segundo o diretor institucional da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, que enxerga com preocupação a possibilidade de que o cenário se agrave ainda mais, em razão da falta de infraestrutura do equipamento. “Os navios não querem ir para Natal porque não tem como encostar”, pontua.


“O Porto é pequeno para receber duas companhias de navegação [atualmente a CGM é a única empresa em atuação e anunciou que irá deixar as operações no Estado este ano]. Não há espaço para a retroárea, para depósito dos contêineres vazios, não tem tomada suficiente, nem local para as carretas ficarem quando chegam”, descreve Barcelos, que também é cofundador da Agrícola Famosa, principal exportadora de frutas do Rio Grande do Norte.


Ele afirma que os problemas estruturais do Porto de Natal fizeram com a empresa fretasse um navio para transportar melão para Mucuripe, em Fortaleza (CE). “Já não tinha mais espaço em Natal. Sem contar que o porto não comporta grandes navios”, descreve. Com a mudança, aproximadamente 250 contêineres com a fruta produzida no RN deixaram o País pelo porto cearense. “É quase um terço de toda a produção de frutas do Rio Grande do Norte”, calcula o presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX), Fábio Martins de Queiroga.

Exportações marítimas do RN 2022 Suape (PE): US$ 351 milhões) Ceará (Pecém e Mucuripe): US$ 142,8 milhões Natal: 93,8 milhões Areia Branca: US$ 45,9 milhões Santos (SP): US$ 19,8 milhões Salvador (BA): US$ 15,9 milhões Outros: US$ 7,1 milhões Total: U$$ 676,6 milhões Fonte: CIN/Fiern 2017 Natal: US$ 103,8 milhões Ceará (Pecém e Mucuripe): US$ 86 milhões Suape: US$ 21,6 milhões Areia Branca: US$ 20,19 milhões Santos: US$ 19,8 milhões Salvador: US$ 7,7 milhões Recife: US$ 2,8 milhões Outros: US$ 2,6 milhões Total: US$ 264,8 milhões Fonte: CIN/Fiern

Problemas estruturais são antigos


De acordo com o responsável técnico do CIN/Fiern, Luiz Henrique Guedes, Natal divide o embarque de frutas (principal item da exportação potiguar) para o exterior com Mucuripe, em Fortaleza. “Cargas para os Estados Unidos e outros destinos saem por Pecém e Suape”, detalha Guedes. O Porto de Suape, que liderou a saída das exportações do RN em 2022, foi utilizado para o embarque de fue oil (diesel marinho), que representou, em valores, US$ 330,1 milhões. Antigos, os problemas estruturais do Porto de Natal apontados como reflexos do recuo nos valores referentes às exportações marítimas que deixaram o Estado pelo terminal, parecem longe de uma solução. A falta de defensas na Ponte Nova, por exemplo, reduz o horário de operações no equipamento. O diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), brigadeiro Carlos Eduardo da Costa Almeida, diz que, sem a instalação os itens de segurança, não há como permitir as movimentações no porto à noite, como acontece em outros terminais pelo Brasil. “Hoje as operações são permitidas apenas das 7h às 17h30. E não existe nenhuma autoridade que vai dizer que dá para operar à noite. Nem comandante de navio vai querer fazer isso, porque se trata de uma questão de segurança total”, explica. Na semana passada, o presidente da Codern encaminhou ao Governo do Estado um ofício onde pede à governadora Fátima Bezerra (PT) para “viabilizar a possibilidade de novos investimentos” na área portuária de Natal. “Pela falta das defensas em nossa Ponte, a movimentação de navios está restrita ao período do nascer ao pôr do sol. Vale ressaltar que essa restrição de horário de movimentação de navios já é um fator que muito incomoda as empresas que hoje operam no Porto de Natal”, diz o documento. De acordo com o brigadeiro, os impactos diretos são sentidos nos negócios. “A gente liga a isso uma possível saída da CMA”, indica. No ano passado, o Grupo CMA CGM confirmou o desligamento do Porto à Codern. Se a estatal não conseguir atrair novos operadores, poderá reduzir suas operações à metade, perdendo cerca de R$ 5 milhões por ano. Segundo o presidente da Companhia, a empresa ainda não formalizou a saída, algo que pode ocorrer já em março, com o fim da safra de melão no Estado. “Em função disso, é preciso buscar negócios para sobreviver e estamos fazendo isso. Temos um potencial enorme de receber uma nova empresa que vai explorar uma mina de ferro em Tangará, além de outra que pode dar vazão à produção de uma mina de lítio de Parelhas”, comenta Carlos Eduardo da Costa. A migração da saída das exportações do Rio Grande do Norte para outros portos do País, segundo o presidente da Codern, representa perdas para a arrecadação do próprio Rio Grande do Norte. “São impostos que estão indo para o Ceará, por exemplo”, aponta. Luiz Roberto Barcelos, da Brasfutas, comenta que os impactos vão também para a geração de emprego e renda. “O porto fica vazio, opera com pouco movimento, a economia gira pouco e gera menos emprego. Para o exportador não é algo que atrapalha, porque dá para ir a outros portos, mas para o RN é ruim. E sem os investimentos necessários, só vai piorar. É preciso haver a ampliação dos espaços dentro do terminal e melhorar a infraestrutura (tomadas, drenagem para o calado e instalação de proteção da ponte”, afirma Barcelos.


Governo vai debater sobre defensas


A TRIBUNA DO NORTE procurou as secretarias de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec/RN) e de Infraestrutura (SIN) para comentar sobre a ausência das defensas na Ponte Newton Navarro, um dos alvos de reclamação dos exportadores. Jaime Calado, titular da Sedec, afirmou que ainda haverá uma reunião com a governadora para debater a questão e analisar “sugestões” para a situação. No entanto, não há data para que isso ocorra, segundo ele. “É importante lembrar que é uma obra que requer recursos da ordem de R$ 80 milhões”, afirma Calado. Gustavo Coelho, titular da SIN, confirmou que não prazo para tratar do assunto junto ao Governo e disse que o debate sobre o assunto precisa ser retomado. Não há, no entanto, nenhum planejamento sobre a instalação. “A ponte foi construída com recursos federais e, certamente, este deve ser o caminho também para a execução dessas defensas. A discussão tem que ser retomada e avaliada por todos os agentes – governo estadual, federal e até municipal – já que ela é uma estrutura de mobilidade urbana do Município de Natal”, disse o secretário. Além das defensas, outros problemas continuam sendo empecilhos para o escoamento das exportações do RN por Natal. “Considero que um grande problema é o calado de altura da Ponte [Newton Navarro], que não permite que navios de grande porte passem por ela. Hoje, somente a CMA tem navios pequenos e conseguem trafegar em direção ao Porto”, indica Fábio Queiroga, do Coex. O problema existe desde a inauguração da Ponte, em 2007. O calado marítimo do terminal também é uma antiga reclamação dos exportadores. Segundo o presidente da Codern, um estudo de batimetria está em planejamento. A ideia é que um grande sonar verifique, dentro do rio, a existência de bancos de areia que justifiquem uma dragagem. O calado atual do Porto possui 12 metros de altura. Apenas navios de até 200 metros conseguem operar no local. “Estamos deixando planejado para o estudo de batimetria acontecer na próxima gestão. A dragagem, se necessário, fica a cargo do DNIT”, disse o brigadeiro, que aguarda para deixar o cargo em breve.




Com Conteúdo da Tribuna do Norte

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