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Ação mostra desafios para incluir pessoas com deficiência

“A gente não sabe o quão difícil é até sentir na pele e passar por isso”. A perspectiva é da estudante Kaliane Nascimento, de 17 anos, que por poucos minutos sentiu os desafios e anseios diários para quem depende da infraestrutura de acessibilidade em Natal. De olhos vendados, ela atravessou a avenida Deodoro da Fonseca, no Centro da capital, fazendo uso apenas dos recursos disponíveis para uma pessoa cega. O momento ocorreu dentro da ação “Sentindo na pele para quebrar barreiras” que teve por objetivo conscientizar sobre a importância de discutir a acessibilidade na locomoção de pessoas com deficiência nos espaços urbanos.



Durante a ação, realizada ontem, uma estudante atravessou a rua com os olhos vendados / Magnus Nascimento


Com a opção de escolher andar com olhos vendados, utilizar uma cadeira de rodas, ou muletas, os participantes puderam atravessar uma das avenidas mais movimentadas da capital potiguar e sentir os desafios que perpassam o cotidiano de pessoas com deficiência na cidade. Assim como Kaliane, quem também passou pelo local foi o natalense Taiuan Nascimento, de 17 anos, que decidiu participar da imersão vivenciando a experiência de um cadeirante.


Embora a dinâmica tenha durado apenas alguns minutos, o impacto para o estudante foi significativo. Isso porque, segundo ele, a atividade permite compreender a realidade da pessoa com deficiência, seja para trabalhar ou apenas sair de casa. “A sensação é tipo: será que vou conseguir atravessar a tempo, ou o carro vai atravessar e não me deixar passar?”, compartilha.


A iniciativa ocorreu na manhã de terça-feira (19) e faz alusão ao “Setembro Verde”, idealizada pela Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte (Socern) junto ao ex-vereador de Natal, Sandro Pimentel, em 2016. O objetivo é fomentar a promoção e inclusão da pessoa com deficiência. Neste ano, em especial, a ação da Deodoro da Fonseca foi pensada pelo vereador Tércio Tinoco (União Brasil), eleito primeiro vereador cadeirante da Câmara Municipal de Natal, para quem a falta de acessibilidade nas calçadas e no acesso a prédios comerciais são alguns dos principais problemas enfrentados na mobilidade da capital.

O local escolhido para a atividade, nesse sentido, não foi a toa. Embora conte com algumas medidas voltadas à acessibilidade, para quem depende dos sinais sonoros na hora atravessar a avenida Deodoro da Fonseca algumas dificuldades são encontradas. No trecho próximo ao cruzamento com a avenida João Pessoa, por exemplo, o áudio do sinal sonoro já não funciona com o volume adequado. Já no outro lado da avenida, o sinal de brainly do botão está desgastado.

No que se refere às calçadas, Tércio Tinoco destaca a necessidade de expandir as obras de padronização dessas estruturas na capital. “A Prefeitura pela primeira vez na história de Natal está fazendo a padronização das calçadas”, esclarece o vereador.

O presidente da Socern, Ronaldo Tavares, esclarece que apenas 30% dos passeios públicos e calçadas são acessíveis em Natal. Embora desde 1992 a capital conte com a Lei 4.090/92, que torna obrigatório a adaptação dos edifícios e espaços públicos para o acesso, circulação e utilização de pessoas com deficiência, ele pontua que a infraestrutura de acessibilidade na capital ainda é tímida. Com o fim da gestão municipal atual, contudo, ele comenta que o esperado é que o município tenha 50% das calçadas acessíveis.

Por hora, o panorama é de desnivelamento das calçadas, somada à falta de rampas, buracos e problemas nos sinais sonoros. Além da ação “Sentindo na pele para quebrar barreiras”, uma outra ação pretende fomentar a conscientização e inclusão na Câmara Municipal de Natal, na próxima quinta-feira (21), durante uma Sessão Ordinária Inclusiva. Na oportunidade, segundo Tércio Tinoco, cada vereador vai indicar uma pessoa com deficiência para que ela tenha a oportunidade de vivenciar o cotidiano na Casa enquanto vereador por um dia.



Tribuna do Norte.

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