A Maternidade Escola Januário Cicco (Mejc/UFRN), localizada em Natal, permanece com necessidade de doações de leite materno para atender tanto a demanda interna, quanto das UTIs de outros hospitais abastecidos pela instituição. Um dos motivos da urgência, segundo Ana Zelia Pristo, coordenadora do Banco de Leite da Mejc, é a sobrecarga na necessidade das doações e consequente insuficiência de litros para alimentação diária dos bebês receptores.
Ao todo, o RN conta com seis bancos de leite. Foto: Anastácia Vaz
Apenas em outubro deste ano, segundo dados da instituição, 747 bebês receberam leite proveniente de 289 doadoras na Mejc. A quantidade disponível para alimentação diária é por volta de 10 litros e se mostra insuficiente. “Precisamos de 12/15 litros por dia para não faltar para nenhum bebê. Isso porque muitos deles não conseguem realizar a sucção e estimular a produção de leite da mãe. Muitas vezes, o bebê não consegue nem respirar, tampouco coordenar respirar e sucção”, explica Ana Zelia Pristo.
Além disso, antes de ser disponibilizado na alimentação, o leite doado precisa passar por um processo de pasteurização e controle de qualidade. Nesse sentido, explica a coordenadora, a maternidade precisa manter estoques prontos para uso enquanto as novas doações aguardam os resultados da microbiologia. O laudo leva em média 48h. Além do procedimento interno, outras instituições como o Hospital Universitário Ana Bezerra encaminham leites coletados em seus espaços para serem pasteurizados na Mejc.
Ao todo, o RN conta com seis bancos de leite distribuídos em Natal, Caicó e Mossoró. A maioria dos bebês que recebem a doação, esclarece Ana Zelia Pristo, são prematuros e pesam cerca de 700 gramas. Mas há, ainda, aqueles que nascem com alguma patologia e não conseguem realizar a sucção. Em todos os casos, esse tipo de aleitamento exige uma prescrição médica.
“O aleitamento que tem a mãe como fonte é melhor, pois o leite não passa por nenhum tipo de processamento. Mas, muitas vezes, a mãe está impossibilitada de amamentar e o bebê de sugar”, ressalta a coordenadora. Entre as mulheres que não podem realizar a amamentação estão as que fazem uso de quimioterapia, ou radioterapia, apresentam alguma doença que impossibilita a amamentação e que são HIV positivo. Neste último caso, a amamentação é contraindicada.
Desafios
Para promover a segurança na doação para o Banco de leite, a Mejc conta com o auxílio de três profissionais: um médico, que analisa se as mulheres estão ou não aptas a doar, o responsável técnico e o de controle de alimentos para efetivar o controle de qualidade em laboratório. Apesar do cuidado, a falta de informações ainda se reflete enquanto um desafio para que mais mulheres realizem a doação.
“Por mais que a gente faça a divulgação, ainda existe uma falta de informação. O banco de leite é uma instituição que muitas pessoas não conhecem ou não sabem como funciona. É importante saber que tem uma garantia de qualidade e que será distribuído apenas após o processo. A mãe também precisa saber que se ela não esvaziar a mama, passa a ser desconfortável", destaca Ana Zelia Pristo.
Saiba como doar
O Banco de Leite da Mejc funciona de segunda a sexta-feira. As mulheres interessadas em doar podem entrar em contato com o telefone (84) 99135-8217 para tirar dúvidas e combinar a doação. A equipe conta com o projeto Bombeiros Amigos do Peito para se deslocar até a residência das doadoras e realizar a coleta. O leite doado, vale lembrar, é sempre o que excede da mãe.
Por Tribuna do Norte
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