Um estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta que 85,5% das crianças do Rio Grande do Norte vivem com algum tipo de pobreza. Denominado de "Pobreza e Multidimensional na Infância e Adolescencia no Brasil", o levantamento aponta, com base em dados de 2022, que o Estado possui o quinto maior índice, sendo superado por Maranhão (90,2%), Pará (91,2%), Piauí (91,6%) e Amapá (91,7%).
Em 2021, proporção de crianças menores de 14 anos abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%, o maior percentual da série, iniciada em 2012 / Marcelo Casal Jr/Agência Brasil
O estudo foi realizado pelo UNICEF com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) Anual, dos anos 2016 a 2022. Foram analisados o acesso de crianças e adolescentes a seis direitos básicos: renda, educação, informação, água, saneamento e moradia. Adicionalmente, utilizando a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017/18, é avaliada uma outra dimensão, a de alimentação, que é aplicada às edições da 5ª Entrevista da PnadC Anual. A Unicef também aponta que estados do Norte e Nordeste apresentam os maiores índices de meninas e meninos privados de um ou mais direitos. Com relação a cor e raça, a desigualdade ainda é grande, mas mostrou redução nos últimos anos. Enquanto a diferença no acesso a direitos entre crianças e adolescentes brancos e negros era de cerca de 22 pontos percentuais em 2019, em 2022 ela se reduziu para pouco mais de 20 pontos percentuais. Quanto a dimensão de trabalho infantil, o tópico não pôde ser avaliada neste estudo, pois os dados de 2022 ainda não foram divulgados pelo IBGE. Renda A dimensão renda diz respeito ao número de crianças e adolescentes vivendo abaixo de um nível mínimo de recursos para satisfazer suas necessidades (R$ 541 mensais por pessoa em áreas urbanas e R$ 386 em áreas rurais, a preços médios de 2022). Os dados apontam que 54,02% das crianças potiguares vivem com uma quantidade mínima de recursos.
Educação
Na dimensão de educação, o estudo analisa dois aspectos: estar na escola e estar alfabetizado. Os dados revelam uma piora visível no quesito alfabetização: a proporção de crianças de 7 anos que não sabem ler nem escrever saltou de 20% para 40% entre 2019 e 2022, especialmente entre crianças negras e aquelas afetadas pela pandemia durante o período de alfabetização. No RN, o índice de crianças que sofrem privações nesta dimensão de avaliação é de 13,03%.
Saneamento
Embora seja observada uma leve redução, a privação de saneamento permanece sendo a que mais impacta crianças e adolescentes no Brasil, segundo o estudo. Em 2019, 39,5% das meninas e dos meninos brasileiros não tinham acesso adequado a banheiros e rede de esgoto, percentual que fica em 37% em 2022. Em relação ao acesso à água potável, 5,4% das crianças e dos adolescentes estavam privados desse direito em 2022. No RN, 68,93% das crianças não tinham acesso a um saneamento básico em 2022.
Moradia
A questão do acesso à moradia adequada continua a ser um desafio significativo que impacta diretamente a qualidade de vida de crianças e adolescentes. Os dados mais recentes revelam que o problema teve uma pequena redução, afetando 10,9% em 2019 e 9,4% em 2022. No RN, o índice é de 5,75%.
Tribuna do Norte.
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