Após a prefeitura de Natal anunciar dois projetos de intervenção para a Cidade Alta, empreendedores do Alecrim lamentaram a ausência de projetos também para aquele que é um dos principais centros econômicos do Rio Grande do Norte. Pontos como melhoria no estacionamento, reforma do camelódromo e acessibilidade estão entre as principais cobranças de lojistas, camelôs, trabalhadores e empresários que mantém seus negócios por lá.
Comércio desordenado e ocupação de calçadas no Alecrim são reclamações constantes sem solução/Magnus Nascimento
Além das cobranças principais a nível macro, também são exigidas intervenções como banheiros, acessibilidade e o reordenamento e organização de ambulantes nas calçadas do bairro. Ao caminhar pelo bairro, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE observou a dificuldade de carros estacionarem ante o fluxo de pessoas e em alguns casos, o comércio desordenado. Há ainda a dificuldade de acessibilidade nas calçadas e até mesmo para entrar em algumas lojas. Com isso, estacionamentos privados é uma das saídas, vide a falta de vagas nas ruas.
“É a grande reclamação de quem visita o bairro: conseguir estacionar, visitar e consumir com tranqüilidade. Quando saímos do estacionamento, temos os problemas de acessibilidade, porque as calçadas infelizmente são tomadas por ambulantes e camelôs. Ficamos felizes com o projeto da Cidade Alta, mas e o Alecrim?”, questiona o empresário Derneval Sarmento Junior, dono de uma empresa de bolsas e acessórios no bairro e vice presidente da Associação dos Empresários do Bairro do Alecrim (AEBA).
Ele relembra que os negócios no bairro absorvem 25 mil funcionários de CLT, quase 5 mil empresas registradas e a maior arrecadação de ICMS, ISS e Cosip. No caso do estacionamento rotativo, a Prefeitura do Natal chegou a lançar um edital de licitação em março de 2021, mas o projeto foi alvo de judicialização por parte de empresas que não concordaram com itens do edital e o caso está suspenso.
Com o certame suspenso, Derneval Sarmento explica que a AEBA tentou buscar soluções paliativas e temporárias junto à Prefeitura, como o retorno da Zona Azul. “Isso funcionava antes em Natal: você comprava uma cartela e determinava o tempo em locais específicos. É próximo do edital apresentado como estacionamento e seria uma solução temporária. Infelizmente não tivemos nenhuma posição da Prefeitura”, acrescenta.
Com uma loja no bairro do Alecrim de utensílios domésticos para bares e restaurantes há 15 anos, o empresário Marcos Mendes, 54 anos, reclama que os clientes têm evitado as compras presenciais. “Já ouvi de vários clientes que pedem para entregar, para não vir ao Alecrim porque não tem estacionamento, que é complicado, etc. Estamos deixando de ter gente circulando no Alecrim e isso é ruim porque o foco do bairro é o comércio de rua. Espero que a Prefeitura não deixe o Alecrim chegar no ponto que chegou a Cidade Alta”, comenta.
Semsur fará reforma do Camelódromo em 2023
Inaugurado na década de 80 e construído para resolver conflitos entre ambulantes e lojistas da época, o Camelódromo do Alecrim necessita de reformas e intervenções, segundo donos de boxes e trabalhadores do local. As principais dificuldades estão no tocante ao ordenamento, adequação e instalações elétricas e hidráulicas. A Secretaria de Serviços Urbanos de Natal (Semsur) já possui projeto executivo para reforma do camelódromo e deve iniciar as conversas com os permissionários nas próximas semanas. O investimento ficará em torno de R$ 2 milhões. “Vamos reunir com a associação do camelódromo, traçar estratégias e planejamento. Vamos fazer por etapas. Já temos orçamento para essa reforma do camelódromo. Vamos fazer parte hidráulica, estrutural, parte elétrica, cobertura, saídas e rotas de fuga, o entorno do camelódromo, porque vamos precisar ajustar aquela alameda. Na avenida 2 teremos que fazer uma melhoria. O entorno será remodelado”, explica o secretário Irapoã Nóbrega. Sobre o ordenamento dos ambulantes, o secretário reconhece o “problema histórico” e fala na busca por soluções a médio e longo prazo. “Para ordenarmos e tirá-los de lá, precisamos colocá-los em algum lugar. É a sobrevivência deles. Sabemos que tem esse problema, estamos buscando alternativas a prédios públicos que possam ser destinados para fazermos um local para essas pessoas ocuparem, mas isso é a médio e longo prazo. O que a gente busca fazer é não deixar aumentar”, argumenta. Para Alberto da Silva, presidente da Associação dos Permissionários do Camelódromo do Alecrim, intervenções no espaço são necessárias. “Estou aqui desde 1998 e nunca vi melhoria. Não é obrigado tirar camelôs de calçadas, mas sim organizá-los, todos numa cor padrão, modelo, tamanho. Teve alguns serviços elétricos, foram feitas trocas de ventiladores, mas precisa melhorar a organização, ordenamento aqui dentro, liberação dos corredores. Está chegando a época de chuva e cai água aqui dentro, e tem a parte elétrica, aqui é ferro. Precisa dessa manutenção”, aponta. No ano passado, durante as fortes chuvas que ocorreram em julho na capital, o piso do camelódromo cedeu e parte do espaço precisou ser interditado, com nove boxes impedidos de abrirem por alguns dias.
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